Bem, para não deixar nenhuma página em branco, aqui fica o meu último post neste blog.
Voltei de Paris na segunda-feira passada. Não tem sido fácil. Estas experiências de intercâmbio e de viver fora do nosso país por uns tempos, trocam-nos sempre as voltas. A intensidade com que se vive o gesto mais simples do quotidiano é tão grande, que qualquer alteração de rotina, como foi, obviamente, a minha volta para casa, choca com o nosso sistema nervoso e fragiliza-nos bastante.
Eu, que nem era grande fan dos Erasmus e do ambiente dos estudantes estrangeiros nas faculdades, redimo-me absolutamente de todo o preconceito criado.
Foi, sem dúvida alguma, a melhor experiência da minha curta vida, que apesar disso, já vai sabendo saborear o que há por aí.
Agora é voltar para casa. Não só de corpo, mas também de alma.
Deixar o nº 90 da rue Saint Martin para trás, deixar de fazer do Sena o meu Tejo, deixar o Marais numa boa lembrança, e olhar para a minha terra com os mesmos olhos de antes, embora o olhar seja agora mais brilhante. Paris tem destas coisas...Lisboa deve aproveitá-las!
Vou sentir muitas saudades. Muita coisa me vai faltar.
Sair do meu prédio, atravessar a rampa em frente ao Pompidou, e chegar ao meu café preferido, Lapey Ronie. Apanhar o metro em Rambuteau ou em Châtelet. Passear pelo Sena, fosse pelas pontes, fosse pelas margens, estender as toalhas e pic-nicar com os amigos. Andar desde a minha casa, e dar-me conta que cheguei à Torre Eiffel. Apanhar o barco, dar meia volta, e vir parar ao quartier latin, do lado oposto do bairro judeu. Beber chá na mesquita, passear no jardin des plantes...andar....andar...andar, e entrar no jardin du luxembourg. Como eu adorei fazer este itinerário. Por vezes por mim, outras vezes por outros, mas garanto-vos que cada vez teve um sabor realmente diferente.
Sim, já sei...Paris tem muito de artificial. Por vezes dá a sensação que estamos num cenário dum filme...há ruas sem vida, há espaços pouco cheios. é verdade! Mas Paris tem também um lado incrivelmente sedutor, que por muito que tentemos resistir, acaba com as nossas forças, e faz-nos apaixonar. Se por um lado a monumentalidade da cidade nos impressiona e esmaga, e a arrogância dos parisienses (estereótipo confirmado) nos afasta, por outro a vida que dela emana, a arte que se mistura com os hábitos e as pessoas que fascinam pela diversidade, tudo isto faz-no querer mais Paris.
Foram 9 meses. O tempo duma gravidez, o tempo de criar ligações fortes, aos espaços e a quem os ocupa. Talvez não se viva duma forma realmente real. Talvez estes momentos da nossa vida sejam escapes que vamos arranjando, para fugir um bocado à nossa realidade, talvez...mas um amigo, antes de eu partir, dizia-me uma coisa simples mas que a mim me tocou muitissimo, partilho convosco: para mim, esta vida que tive em Paris é que é real, pois é assim que eu quero viver.
Pois então assim seja...Algo que trago comigo do Erasmus? Fazer da minha vida aquilo que eu quero que ela realmente seja! Uma ideia tão simples, mas que tantas vezes esqueci!
Obrigada pelas visitas, pelos comentários simpáticos, afectuosos e desafiantes também!
Até breve
quinta-feira, 2 de julho de 2009
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